EMAV, Setembro/2007 - Meus melhores/3º médio A.
Ontem, ao passar em frente do meu antigo colégio, olhando os alunos conversando, na hora da saída ao esperar seus pais, senti uma imensa nostalgia, lembrei do meu tempo lá.
Toda minha formação no ensino fundamental, eu estudei no colégio católico da cidade, no entanto, os três breves anos do ensino médio, na EMAV, escola do governo, certamente uma das melhores fases da minha vida. Nesse tempo, aprendi muito e formei laços emocionais fortes com os que ali conviviam comigo todos as manhãs, desde funcionários, professores e amigos de sala.
Lembrei-me das preocupações daquela época: ir bem nas provas, ser a melhor da turma, all star novo, calça de marca, celular do momento, ser popular, ficar aquele menino, uma futilidade da porra. Era só isso e era tudo isso.
Eu tenho muita saudade... Da bagunça no intervalo, do pastelzinho de presunto e queijo da tia da cantina, do friozinho da manhã, de pular o muro da escola para comprar sorvete, da ansiedade de todo começo de ano, das fofocas com as amigas, do fora que eu levei do japônes do 3º ano, dos meninos na educação física e das brincadeiras na sala. Confesso que tenho saudade das aulas também, como as de Literatura da professora Roberta (que mulher incrível), suas aulas eram engraçadas e bem proveitosas. Claro, tiveram aulas que eram bem insuportáveis, das quais não sinto falta nenhuma, como as aulas da desgraçada professora Claudia de matemática, que me deu a minha primeira nota baixa na vida, mas tudo bem, faz parte. Justamente com esta mesma professora, foi
quando eu cometi o erro mais bem organizado - porém mal executado -
de minha vida escolar: ao pedir para fazermos um exercício de matemática,
a professora saiu para tomar um café e nós aproveitamos a
oportunidade (nós sabíamos que a sala do café era distante e que ela
demoraria um bom tempo para voltar) para vasculhar os papéis sobre sua
mesa até encontrarmos o "caderno do professor". No início tudo ia bem, Bruna, lia em voz alta para a classe e o Jefferssom ficava de vigia no
vidro da porta da sala, sendo este o encarregado de avisar como o código: "lá vem o disco voador", quando a
professora estivesse voltando. Mas, como “nesta vida o mal feito é
descoberto”, o idiota come merda Jeffersson acabou vacilando na função e nós fomos pegos com a mão na massa, ou melhor, no caderno de respostas. A turma inteira foi penalizada. E essa foi a primeira e última vez na vida, que tentei dá uma de esperta, pois minha mãe descobriu e a surra que levei foi igualmente inesquecível.
Durante o ensino médio, sempre fui uma boa aluna, ou pelo menos na maioria das vezes, mas como todo adolescente, passei por fases de revolta, de menina certinha, com lacinho no cabelo cacheado (1º ano), tornei-me "metida a rockeira" maquiagem forte, pulseira de fivela, coturno e cabelo liso pintado de preto azulado (2º ano), sentava lá no fundão da sala, eu e
mais três amigos (dois deles faziam o segundo ano pela segunda vez), e
bagunçávamos bastante. A diferença é que eu bagunçava na hora certa,
e sabia o momento de parar, conseguindo, assim, continuar tirando notas
boas, coisa que não acontecia aos outros dois. No terceiro ano, com a pressão do vestibular, voltei a ser a Sara de sempre, estudiosa e discreta.
Lembrando daqueles momentos eu percebi que lá estava vendo pessoas pela última vez. Pessoas que eu gostaria de acompanhar durante muito tempo. Muitas amizades ficaram, é verdade, mas elas perdem aquele contato diário tão importante dos tempos de colégio. Tudo bem que não é possível ficar na ilusão de que vamos conviver com quem gostamos para sempre, ignorando a correria, a mudança de rumos, de ideias, de cidade. Mas, é ruim constatar isso. E mais triste ter a certeza de que ficaremos cada vez mais distantes.
Ah a escola... foram tempos tão bons, de preocupações minimas. São lembranças preciosas de um tempo que guardo em meu coração. Escrever este texto, foi um ótimo exercício de metalinguagem para a memória e que também me permitiu
filosofar um pouco sobre a vida.
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